junho 23, 2013

Sem.

Na sacristia fria, escrevi na bíblia, poesia.
Pragmatismo de fé também é praga que esmaga e esmordaça.
Vi na luz escarlate do divino a mais carnal das divindades; sorriso.

Na distinção da fé a morte tange e tinge de belo, o escuro.

Amarrar-se na divindade é conferir poder a carne;
E a carne, é a somatória de todas as felicidades da censura,
E a censura, abriga nas desfaçatez do desejo, a liberdade.


Libertar-se é abrigar nas ideias, a cura das próprias ideias.

fevereiro 23, 2012

Tempo de Chuva





Abelha, zangão,
Chororô: picada no olho!
Cachorro bobão,
Alegria: lambida no rosto!

Travessura, corrida
Pega-pega, esconde-esconde
A minha namorada é mais bela que a sua,
Tudo era bom no tempo de chuva.

Asfalto, joelho ralado
Gritaria, machucados que me entregam
Muitas foram as quedas na rua,
Mas tudo era bom no tempo de chuva.

Medo, terror, filmes noturnos
Brigas, amizades e nunca (nunca) solidão,
Aperto de mão com o mais forte era apertão,
Tudo era bom no tempo de chuva.

Hoje não chove mais, não estou mais na rua
Estou preso num traje que me transforma em robô,
Sigo o fluxo, sem correr e entender,
Tudo era bom no tempo de chuva.


                                                                               Felipe Andrade, 16/01

janeiro 01, 2012

Grito do Morro



Pus capuz e escondido, vi artifícios coloridos estourarem tão perto, que logo estourei-me em ideias. E esse, foi o maior de todos os estouros daquela noite.
Logo minhas ideias espalhadas pelo todo e pelo sempre, construíam sensos incomuns de palavras... E as palavras, criavam-se na força dos que foram calados... E os calados, gritavam o grito dos desesperados...
- Desespera-se às vezes é a solução!
Criado no acúmulo da censura e fruto da desigualdade, o grito desesperado fez-se multidão e logo, tinha a rua como abrigo e as palavras como arma!
As palavras às vezes são as melhores armas... Entretanto, cautele-se, digo às vezes.
A multidão fez-se mais, entre o aglomerado das estrelas fez-se brilhante e gritante de ideais.
A praia tirava-se do sono da maré, e em altas ondas gritava... Explosões multicoloridas, de medo e verdade caiam dos céus.
E a multidão caminhava
E a multidão rasgava as roupas
E a multidão segurava coragem e bandeiras
E a multidão gritava!
No alto do palácio do engano e do roubo, os ladrões do afeto e da honra, riram com fuzis às mãos...
E o povo continuava
E o povo corria
E o povo gritava!

Eu vi,
A reconstrução eu vi. Era tijolo arrancado na mão, choro no peito e riso no dente. Raiva de repente alegria que invadia. Percussão de bateria batida na lata e grito. Força de sofrer que arrastava o corpo e fazia viver. Foi se derrubando com sopro de desespero e indignação. Mortuária máscara tirada da cara de quem vivia e agora se evadia.

- Liberdade!  Anunciou em cálido tom o doutor cidadão.




Lucas Forlevisi 01/01/2011

dezembro 24, 2011

A nota eterna




Era só mais um acorde,
Faltava um pouco de precisão
Não encontrava o tom.

Uma angústia me dominou,
Era bemol ou sustenido?
Não sabia mais em que nota devia tentar.

Foi quando acabei desistindo,
Nesta música não mexo mais,
Falei aos que me acompanhavam,

Na manhã seguinte, quando acordei
E abri a janela, percebi que era uma melodia sem final
Feito a humanidade, fadada a caminhar no perenal.

                                                                Felipe Andrade 27/11

dezembro 06, 2011

O cidadão de Jundiaí



Mal se dorme no soar do despertador...
E lá vai ele,
O construtor cidadão!
Pelas as luzes estrelares e entre o aperto de milhares...
Mas lá vai ele,
O sempre enlatado cidadão!

Amassado pela descentralização
Escondido na sombra dos prédios da situação,
Trabalha, trabalha, trabalha não fala não falha!
Não adoece nem tem fome, é bicho-homem.

Se... buzina, grita ou apita por protesto,
Um batalhão de polícia é chamado contra o manifesto...
E lá vai ele, o reprimido e multado cidadão!

Deve-se morar longe feito monge
Deve-se ser fiel e votar no coronel
Deve-se acreditar sem questionar
Deve-se a Deus não fazer prece, pois isso enlouquece.

Nada de pedir vaga,
Afinal, a creche tem que ser paga!

Na terra do cidadão tem coqueiros,
Coqueiros como em outra terra jamais vi.
Eles alimentam sem parar,
As luxuosas retinas do oitavo andar.


...mas o cidadão cansou!


Lucas Forlevisi de Mello 06.12.2011





novembro 15, 2011

Outro dia percebi



Disputa-se cada segundo com o tempo
E essa, é a luta mais do homem...
Sou o susto materno que virou feto e fez-se no berço da carne o corpo.
Corpo do qual, me reconhecem.
Fui imaginação paterna que virou matéria palpável e hoje corre pelas lembranças.
Lembranças tais, que não me reconhecem.
Fiz-me pequeno quando as palavras fugiam-me dos lábios,
Fiz-me grande, quando as mãos no desespero do tempo, escondiam os sonhos dos segundos...
Fiz-me eu, quando os olhos brilharam o reflexo do mundo.
Briga-se com o esperado
Rende-se ao possível
Cantam-se bons costumes
Ama-se o vazio
E... Luta-se com o tempo.

Em suplício faminto, movo as letras para dizerem o aqui dito:
Sejamos simples e abracemos a perspicácia do tempo,
Isso sim deve ser felicidade.

Fumemos prazerosamente os mais longos milésimos de segundos.



Lucas Forlevisi 15.11.2011

outubro 23, 2011

Noite de Diná





Ela encarou a tal fotografia,
Como quem encara a desventura triste da ironia
Aprontou-se com saltos altos como quem queria saltar nas nuvens
Com maquiagem forte como quem encobre o que os olhos gritam
Com cabelos presos como quem prende o mundo
E... com um vestido que vestia a dança caminhou nas ruas do tempo.
Ela transvestiu-se de atriz dançarina e meretriz, cantou a madrugada em uma única melodia.
Bebeu chuva e fumou todos os seus pensamentos.
Pichou com batom a igreja, riu das estrelas depois chorou para elas.
Ela encarou a tal fotografia,
Como quem encara a desventura triste da ironia.
Desesperou-se com o sol e desejou que a noite não acabasse.
Já em claro, amarrou nos lábios a história dessa noite.




"Após ler a história bíblica de Diná filha de Jacó, dei-me ao luxo de transscrever a história de uma também Diná, mas não filha de Jacó."



Lucas Forlevisi 22.10.2011

outubro 08, 2011

Biografia



Quando fraco, o pouco se fez muito
Na descoberta eu mesmo.
Ser eu é vencer-me todos os dias
E encantar-me todos os dias...
Descobri o encanto dentro do canto dos cantos dos meus sonhos,
Meus sonhos costumam cantar-me todos os dias.
Na avareza de tal melodia descobri a sonoridade de minha imperfeição,
Logo, o imperfeito me fez e magia das letras me rabiscou.
Um dia fui verdade, amanhã sou mentira
A devassidão do acaso me leva.
Os sonhos brincam de mudar-se nos meus pensamentos
E meus pensamentos, brincam com o universo.
Hoje sou carne e espiritualizo a vida,
Ontem fui espírito e tive como abrigo a carne.
Sou a inquieta construção...



Lucas Forlevisi 08/10/2011

agosto 22, 2011

Pouca coisa





Amor, pouco amor
Pouca vida, muita dor.
Faltam lágrimas, não tem calor,
O frio dura, dói, reage
Todo intento decai,
As chagas sangram.
Sem luz, sem som
Muito frio
Pouca coisa, muita dor.



                              Felipe Andrade, 18/08.

julho 15, 2011

Filosofia do perder-te


Escondi a ideia de não querer-te tão fundo
Que perdida em mim, encontro o querer-te tanto.
Querer-te é o sorrateiro encontro dos olhos em corpos cálidos.

Logo eu, mais dentro de mim do que no mundo passeio nas ideias do reencontrar-te sempre...
E sempre, é a desventura de todos os segundos que habitam no perdido.
Se me enclausura o perder-te em mim, liberta-me o encontrar-te sempre mais...

Que se acabe no início do término e recomece no reencontro do sempre
Que seja simples.



Lucas Forlevisi 15.07.2011